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quinta-feira, 22 de junho de 2017

TRÊS ATIVIDADES PARA TREINAR A MEMÓRIA AUDITIVA EM CRIANÇAS

      Com uma freqüência muito grande, crianças de 5 a 7 anos têm um desempenho muito aquém do esperado em leitura e escrita por causa de um déficit de memória auditiva de curto prazo. Essas crianças não raro têm dificuldade em seguir instruções com mais de 2 comandos, em sintetizar fonemas, formando palavras completas, em ler orações compostas por mais de 10 palavras e em armazenar e relacionar informações verbais ou escritas. Depois de ler três ou quatro parágrafos de um texto, é comum que já se tenham esquecido do que leram no início. Além disso, tendem a ser mais desatentas e distraídas, a repetir sempre as mesmas perguntas e não conseguem se concentrar nas tarefas mais simples.

     Abaixo, seguem três atividades que exercitam essa memória e também a atenção aos sons, a discriminação auditiva e o sequenciamento de sons.

      Todas elas são indicadas para crianças dos 3 aos 6 anos – que memorizam, em média, sequências de 5 a 9 palavras. Mas crianças mais velhas – até 10 anos, aproximadamente – também podem praticá-las, contanto que se aumente o número de itens a memorizar.


1 - VIAJANDO

Material: Nenhum.

Preparação: Escolha um ambiente adequado para realizar a atividade, sem objetos que possam distrair a criança.

COMO FUNCIONA:
       Peça para a criança sentar-se no chão, fechar os olhos e pensar em um lugar para onde ela gostaria de viajar. Pergunte a ela que lugar escolheu.
        A seguir, diga para escolher um objeto para levar em sua viagem e compartilhar a escolha com você (por exemplo, “Vou à praia e vou levar um chapéu”).
     Entre na brincadeira: repita o item escolhido pela criança e acrescente um novo item (por exemplo, “Vou à praia e vou levar um chapéu e uma esteira”).
         A criança deverá dar continuidade, acrescentando ainda outro item.
       A atividade continua até que alguém se esqueça de um item ou confunda a seqüência. Ao final, vocês podem recomeçar a brincadeira com uma viagem para outro lugar.

Obs.: Outras crianças podem ser envolvidas na atividade. Basta convidá-las para se assentarem em círculo e pedir que cada uma acrescente um item novo à seqüência emitida pela criança anterior.




2 – SEQUÊNCIA DE SONS


Material: Objetos que produzam diferentes sons.

Preparação: Separe os objetos que serão utilizados na atividade.

COMO FUNCIONA:
     Estando você e a criança sentados no chão, vende os olhos dela e peça-lhe para prestar bastante atenção aos sons que serão produzidos.
     Emita um som familiar e peça-lhe para tentar adivinhar que som é aquele.
     Faça o mesmo com outros sons até a criança entender como funciona a brincadeira.
    A seguir, diga a ela que você irá produzir sons diferentes em seqüência e que ela terá de descobrir quantos foram os sons e dizê-los na ordem em que foram reproduzidos. Comece com dois sons. Por exemplo, se você tocar um apito e depois assoviar, a criança terá de dizer: “Ouvi dois sons. Primeiro um apito, depois um assovio.”
    Quando a criança estiver se saindo bem, vá aumentando aos poucos o número de sons da seqüência.

Sugestões de sons: amassar papel; assoviar; balançar um chocalho; bater palmas; bater os pés no chão; bater à porta; cortar papel com uma tesoura; derramar água em um recipiente; estalar a língua; estalar os dedos; fechar uma porta; fechar um zíper; rasgar papel; soprar; tocar um apito; tocar um sino; tocar uma tecla do piano; tossir.

Obs.: Você também pode usar sons previamente gravados (sons de animais, por exemplo) e reproduzi-los para a criança em um telefone celular ou computador.

Variação: Algumas crianças, depois de fazer essa atividade, pedem aos pais para inverter os papéis, assumindo elas a tarefa de reproduzir os sons e ficando a cargo dos pais dizer a seqüência. Esse exercício também trabalha a memória auditiva delas, uma vez que terão de guardar os sons na memória para depois conferir se a resposta dos pais está correta.



3 – QUE SOM ESTÁ FALTANDO?


Material: Os mesmos da atividade anterior

COMO FUNCIONA:   
     Estando você e a criança sentados no chão, peça a ela para prestar bastante atenção aos sons que serão produzidos.
    Apresente uma seqüência de três ou quatro sons dentre os listados na atividade anterior.
    Repita a seqüência, omitindo um dos sons.
    Peça à criança para identificar o som que está faltando na seqüência.
    Aumente gradativamente o número de itens na seqüência quando verificar que a criança está respondendo com facilidade.

    Exercitando a memória auditiva de curto prazo com freqüência, seu filho estará se preparando para ler e compreender textos no futuro. Por isso, tente fazer atividades como essas diariamente. Elas não lhe tomarão mais do que 15 minutos por dia.


Fonte: Blog Como educar seus filhos

quinta-feira, 26 de junho de 2014

COMO LIDAR COM A RECUSA ALIMENTAR DO FILHO


A hora de comer nem sempre significa momentos agradáveis. Às vezes pode resultar em situações de estresse quando a criança recusa comer o que os pais oferecem. Saber agir nestas ocasiões é um ponto chave para não piorar a relação da criança com o alimento.

A nutrição é um fator de grande importância para o desenvolvimento dos filhos, quanto à saúde e também quanto ao comportamento à mesa. 

O primeiro passo é saber se a criança gosta do alimento, às vezes no primeiro momento aquele prato rejeitado por ela pode ser gostoso se apresentado de outra forma ou feito de maneira diferente. Nutricionistas revelam que forçar não é a melhor ação nessas ocasiões. Pelo contrário, além de provocar uma atmosfera negativa, ocasiona o medo e o nervosismo na criança.

Queremos que a criança coma ingredientes saudáveis e vez por outra tentamos compensar, prometendo um doce ou um chocolate caso a criança aceite comer uma verdura, por exemplo. Apesar de funcionar em determinadas situações é uma ação que deve ser evitada. O melhor é se não quer comer a sopa, então a opção será a fruta, se não quer a fruta vai esperar até a próxima refeição.

Entre 3 e 5 anos, as crianças são mais propensas a ter medo do novo e de experimentar novos sabores. Por isso é importante o entendimento dos pais em saber diferenciar birra e momentos que funcionam como desafios para a criança. A paciência é o que vai fazer a diferença. Lembre-se que todos nós já recusamos algum alimento e, posteriormente, ele passou a fazer parte do nosso cardápio.

Um detalhe é saber que a quantidade que a criança pode ingerir é bem menor do que a do adulto, então a satisfação na hora de se alimentar será com pequenas porções e isso será suficiente. Não tente grandes quantidades, respeite sempre a idade da criança. Há artigos sobre saúde que ajudam a esclarecer dúvidas, tome nota de algumas dicas para ter uma vida mais saudável e praticá-las com os filhos.

Sempre que for possível faça da atmosfera das refeições momentos agradáveis, comer em família é uma ótima oportunidade para ser vivenciada juntos. Nos fins de semana quando há mais tempo livre faça receitinhas e peça a ajuda da criança, tente explicar a importância da alimentação saudável, mostre a variedade das cores das frutas e verduras, a presentação da comida é algo muito notado pela curiosidade inerente à infância.

Se você tiver dúvidas sobre a alimentação, procure um pediatra ou indicação de um bom profissional de nutrição, use seu plano para consultas sempre que se sentir insegura quanto à maneira de agir e caso a criança tenha um nível de rejeição muito grande na hora de se alimentar. A má alimentação ou a ausência de certas vitaminas e nutrientes provocam doenças e em alguns casos reduz a produtividade na escola e no aprendizado.





TÉCNICA PARA AUXILIAR O BEBÊ A SENTAR: ALMOFADA

Que tal confeccionar essa almofada-calça?





Veja abaixo como é simples!


Do que você irá precisar: 
  • Uma calça jeans ou de sarja velha, de preferência masculina, que tem as pernas mais largas (tem que ser de um tecido bem firme, como jeans ou sarja) 
  • Flocos de espuma ou fibra acrílica para fazer o enchimento (se você usar fibra acrílica irá precisar de 4 a 5m de fibra, caso essa fibra tenha 1,40m de largura) 
  • Linha grossa e agulha para costurar. 
  • Fitas, botões, elástico e brinquedinhos para fixar nas pernas da calça e atraírem o bebê. 


Como fazer:

Costure primeiro o cós da calça. Pode ser à mão mesmo. Em seguida, encha a calça com flocos de espuma ou fibra acrílica, de forma que ela fique bem firme (pode apertar bem o enchimento e colocar bastante). 

Preencha até mais ou menos a altura do joelho. Amarre nesse ponto com uma fita e corte o que sobrou da calça (parte da perna sem enchimento).

Assim que você produziu a base, fixe na perna da calça fitas, botões e brinquedinhos que atraiam o bebê. Legal é fixar essas coisas com um elástico firme, porque o bebê provavelmente irá pegá-las e querer levar à boca. Cuide para não fixar os “chamarizes” muito para trás (perto da prte de cima da coxa), se não o bebê tentará pegá-los e cairá para trás. Uma altura legal para começar a prender é do meio da coxa para frente. 

Prenda pelo menos um atrativo em cada perna e TOME MUITO CUIDADO para fixar tudo muito bem para não correr o risco de acontecer algum acidente, com o bebê arrancando e engolindo os atrativos (ou só fixe coisas grandinhas, que ele não possa engolir).





Como usar:

Almofada sendo usada como suporte na frente.


Depois de pronta a almofada-calça, sente o bebê de costas para o cós da calça, olhando para os joelhos dela. Sempre sente-o no chão e com um edredon ou tapetinho fofinho embaixo, para evitar acidentes. A parte do quadril da calça irá sustentar as costinhas do bebê e as pernas os seus bracinhos e laterais do corpo.

Outra opção é sentar o bebê com um encosto qualquer (e seguro) nas costas e colocar a calça na frente dele, com o rosto dele visualizando o quadril da calça e os joelhos para trás do seu corpinho. No meio entre o bebê e a calça coloque brinquedos, para ele se divertir. Se ele tombar para frente, será protegido pela calça.


Fonte: Blog Macetes de Mãe


sábado, 3 de maio de 2014

É BRINCADEIRA!!!!!

Brincar é diversão, desenvolvimento e muita alegria para as crianças




Brincar é bom, e toda criança gosta. Mas o que poucos pais sabem é a necessidade que os pequenos têm de brincar, desde o começo da vida. A brincadeira não é apenas diversão para as crianças, mas também tem papel fundamental no desenvolvimento delas, seja ele emocional, físico ou social.

É pela brincadeira que as crianças começam a se relacionar, seja com os pais ou outras pessoas. Elas entram no mundo social se divertindo e experimentando seus limites corporais e psicológicos, além de descobrirem gostos e vontades.

Diversão no berço
Você já sabe que caretas e sons engraçados podem fazer o seu bebê cair na gargalha. E isso é, sim, uma brincadeira. Algo que chama a atenção, um olhar, a presença dos pais e o estímulo que eles dão aos pequenos mostram como os bebês gostam de brincar.

A partir dos 6 meses, a brincadeira começa a ficar mais complexa, incluindo objetos e brinquedos adequado para a idade. Daí para frente, a criança se aperfeiçoa e começa a aprender a brincar com os amigos da escola, e o momento se torna um tipo de interação social.

É por volta dos 3 anos que a criança começa a perceber a importância dos outros na hora de brincar, e todas as conseqüências desta convivência. É pela brincadeira que os pequenos começam a ceder, mudar de idéia, ver outras possibilidades, criar novas brincadeiras e a trabalhar em grupo.


O outro lado da brincadeira
Brincar também pode ajudar os pais e filhos a enfrentarem problemas e tratarem de assuntos que não seriam abordados de maneira natural. Para isso, os pais precisam perceber se o pequeno está pronto e introduzindo o tema aos poucos.

É importante também que este momento não deixe de ser uma brincadeira e perca seu objetivo principal. Convide a criança para brincar e sinta a receptividade dela, dando orientações e introduzindo o tema aos poucos. Se o pequeno não estiver pronto, não force e deixe a conversa / brincadeira para outro momento.

Os adultos também devem esperar o convite da criança para a brincadeira, mesmo que, aparentemente, ela não tenha nenhuma "importância" para o desenvolvimento do pequeno. As brincadeiras que são apenas brincadeiras também são importantes para as crianças estimularem a criatividade e imaginação, além da diversão, claro.


O que fazer?
Se você não sabe como brincar, damos algumas sugestões para você começar a diversão!

Pular corda: ajuda no desenvolvimento motor das crianças, noção de tempo e percepção do corpo.

Gato mia: Além de estimular e desenvolver o sentimento de confiança da criança nos amigos, trabalha com a audição e a percepção do espaço

Caça ao tesouro: principalmente para as crianças que estão começando a ler e escrever, a brincadeira estimula a capacidade de interpretação. A brincadeira também é ideal para crianças tímidas se enturmarem, já que ela terá que correr, pensar e trabalhar em equipe para desvendar o jogo.

Bexigas de água: a brincadeira ajuda o pequeno a experimentar a noção de luta, mas sem machucar ninguém. A criança pode medir sua força e trabalhar a noção de distância durante a brincadeira.

Aventura: propor desafios para as crianças faz com que elas trabalhem a coordenação motora e a resistência, além de trabalhar com as dificuldades e obstáculos pelo caminho e o trabalho em equipe.

Brincar de boneca ou carrinho: a criança descobre a capacidade de cuidar, de trocar experiências e de imaginar situações com o brinquedo.


Fonte: Revista Pais & Filhos


quinta-feira, 6 de março de 2014

DEVER DE CASA: UMA LIÇÃO PARA A ESCOLA



Os professores que trabalham com crianças de educação infantil costumam se deparar com situações complicadas. Uma delas é a “lição de casa”. Sabe-se que muitos pais pressionam os educadores para que enviem atividades a seus filhos para serem feitas em casa, acreditando que, dessa forma, eles irão aprender mais. No ensino fundamental, a função das atividades extra- classe é de realmente reforçar o aprendizado dado em sala de aula e ainda instigar um novo aprendizado por meio de pesquisas. Já na educação infantil, essa função é mais ampla. Ela não apenas reforça o aprendizado, mas desenvolve o senso de responsabilidade na criança pequena, pois terá que cuidar da atividade, entregar para a professora sem amassar e na data combinada. Dessa forma, elas funcionam para os pequenos como um desafio a ser superado. Ao fazer isso, porém, o professor deve ter certeza de que o conteúdo foi assimilado em classe e que a criança é capaz de realizar a atividade proposta, mesmo que precise da ajuda dos pais. 
   
O que muitos perguntam é se enviar as lições de casa para os menores cumprem de verdade sua função. A resposta a essa pergunta nos remete a algumas questões anteriores:

- Por que tradicionalmente se dá o dever, também chamado de “Para casa”, às crianças?
- Com que objetivo se dá “Para casa”?
- Esse objetivo é realmente alcançado? Em outras palavras, o “Para casa” dá retorno?
- Para as crianças, o “Para casa” é um castigo, um dever ou um prazer?
- Qual a vantagem de se dar “Para casa”?


Muitos educadores e pais não refletem sobre essas questões. Seguem apenas a tradição escolar do “Para casa”, "Lição de Casa" ou "Tarefa", sem questionar sua utilidade ou validade. Na verdade, o hábito de dar “Para casa” tem, sim, alguns objetivos — nem sempre claros para os educadores e os pais de ordem formativa, diagnóstica, sistematizadora, avaliativa, recuperadora/reforçadora, mas que só serão alcançados se o “Para casa” for:

  • Significativo para a criança, ou seja, que atenda a seus interesses e sua necessidades.
  • Bem planejado, elaborado e dosado, criativo, instigante e coerente.
  • Orientado, esclarecido e justificado com antecedência pelo educador.
  • Feito pela própria criança, de acordo com suas possibilidades.
  • Utilizado no dia seguinte como fonte de ampliação, confirmação ou geração de conhecimento.
  • Elogiado quando bem feito, questionado quando não feito e esclarecido quando incorreto.

Entre as razões que dão validade ao “Para casa”, destacam-se:
  • Revela o tipo e o nível de aprendizagem da criança.
  • Explicita suas dificuldades específicas a serem atendidas
  • Sistematiza e amplia os conhecimentos trabalhados na sala de atividades.
  • Desenvolve habilidades individuais e interesses específicos, criando hábitos de estudo.
  • Contribui para a formação dos valores da corresponsabilidade, da disciplina, do compromisso, da autonomia.
  • Serve como “ponte” entre a escola e a família.

A LIÇÃO DE CASA..
Não tem função alguma quando se transforma em uma atividade burocrática. Portanto, ela deve ser planejada e ter conteúdo adequado a idade e ao que a criança aprendeu em sala de aula.

Tem uma função positiva quando desafia o aluno, ou seja, não é mera repetição do que ele já faz na escola Além disso, a criança precisa ter conhecimento prévio da lição para que possa fazê-la sozinha, com a mínima ajuda dos pais.


ORIENTE OS PAIS PARA QUE:
Criem um ambiente confortável e seguro para que seus filhos possam fazer sua lição de casa. Se possível sem muitos atrativos para que não se dispersem.

Eles devem estar por perto nessa hora para que, quando solicitado pela criança, possam ajudar.

Não apressem a criança. Cada uma tem seu tempo e é natural que, nessa fase, ela demore um pouco mais para realizara atividade proposta A lição não deverá ser realizada em frente à televisão.


Na hora de explicar a importância da lição, use temas cotidianos para mostrar que o que se aprende na escola pode ser aplicado no dia a dia. Exemplos: matemática na hora da pagar contas no supermercado, imigração japonesa para entender história e geografia.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

DIFICULDADES DE ADAPTAÇÃO À EDUCAÇÃO INFANTIL

Medos, temores e fobias. A Educação Infantil constitui uma experiência necessária de “socialização” para a criança. É o seu primeiro contato com um grupo de pessoas diferentes das de sua família. É por isso que é comum que a criança chore em seu primeiro dia de aula na educação infantil, já que sente com mais ou menos intensidade a separação de sua mãe, experimenta um sentimento de abandono e angústia e um temor frente ao novo. À medida que se desenvolve, a criança se depara com objetos, situações, experiências cujas qualidades perceptivas resultam ameaçadoras.

O desenvolvimento cognitivo da criança se mostra insuficiente para urna correta avaliação do perigo, avaliação que se baseia em um conhecimento mais profundo o e complexo das características e funções dos objetos ou situações. Estes temores são passageiros e desaparecem com um maior desenvolvimento cognitivo. Alguns autores discriminam entre os medos:

1) Medo de perigos reais: aqueles que ameaçam a existência da criança (ex.: medo de estar aos cuidados de uma pessoa que não conhece).

2) Medos de perigos imaginários: objetos ou situações de cuja periculosidade a criança ouviu falar, e responde a eles com demonstrações de ansiedade.

Anna Freud fala de “medos arcaicos”, que seriam aqueles medos prematuros e de caráter universal: da escuridão, da solidão, do desconhecido. Grande parte das crianças sofrem destes medos ainda muito cedo, mas são transitórios em crianças com desenvolvimento normal e desaparecem durante a primeira infância. A escuridão, a solidão, o desconhecido, são significantes para a criança com “ausência materna”.


Os temores típicos da infância revelam o quanto são inseguras as percepções nas crianças quando se encontram sob a influência do medo. Nos momentos de angústia não conseguem distinguir o que é possível do que não é. Durante o período intuitivo da inteligência entre os2 e os 5 anos a regra vigente é a da transferência, ou seja, a generalização de um caso particular a outro também particular, ex.: uma criança assiste a morte de seu bichinho de estimação nas garras de um cachorro e pensa que, ela ou sua mãe poderão, no futuro, ser as próximas vítimas. Em muitos casos há crianças que mesmo possuindo um conhecimento maior sobre os objetos não se tranquilizam. muito pelo contrário isto contribui para aumentar os temores e depois virão os medos de terremotos, dos extraterrestres, da guerra nuclear O perigo é conhecido e real, porém a angústia perante ele é excessivamente grande. Nestes casos a angústia contagia o medo, transformando-se em fobia. O autor Ajuriaguerra considera que as fobias nas crianças estão ligadas ao temor injustificado e não razoável perante os objetos, seres ou situações frente aos quais a criança reconhece o quanto é incoerente a sua reação. No entanto, a dominam repetidamente enquanto que os medos seriam “percepções de perigos reais diante de situações pressupostas ou de um perigo possível que venha do exterior”. A diferença entre medo e fobia deve ser estabelecida sobre um elemento de racionalidade; o perigo deve ser justificado para que não seja considerado patológico. A questão não está na natureza do objeto ou em sua periculosidade, mas sim na atribuição de perigo dada pela criança a partir de sua vivência. A diferença entre medo e fobia se estabelece através do juízo da realidade. “Terror, medo e angústia são usados equivocadamente como expressão de angústia; pode-se diferenciá-los muito bem em relação ao perigo; a angústia designa certo estado de expectativa frente e de preparação para ele. O medo requer um objeto determinado. na presença do qual o sentirá, em compensação chama-se terror o estado em que se cai quando se corre um perigo sem estar preparado; destaca-se o fator da surpresa. Na angústia existe algo que protege contra o temor (S. Freud). Quando orientar os pais a realizarem uma consulta psicológica. Quando quaisquer destas manifestações forem expressas tanto no lar como na escola, e sejam crônicas. A fobia infantil implica na instalação de uma neurose com mecanismos estruturais específicos, que se manifestam na criança através de uma visível alteração na adaptação, podendo variar de fobias a objetos ou a situações específicas (ex. aranhas, cachorros, etc.) para logo deslocar-se para fora provocando inibições, isolamento e sérias dificuldades na adaptação social.

domingo, 26 de janeiro de 2014

OITO QUESTÕES SOBRE COMO TRABALHAR COM BRINQUEDOS


Brincar é a linguagem que as crianças usam para se manifestar, descobrir o mundo e interagir com o outro. Quando ela é incentivada, a turma adquire novas habilidades e desenvolve a imaginação e a autonomia. É possível brincar sem ter nada em mãos. Como ocorre durante o pega-pega e a ciranda, por exemplo. Mas os brinquedos têm papel fundamental no desenvolvimento infantil. Para que eles cumpram bem essa função, não basta deixar o acervo da pré-escola ao alcance dos pequenos, imaginando que, por já brincarem sozinhos em casa, eles saberão o que fazer. É essencial oferecer objetos industrializados e artesanais, organizar momentos em que o grupo construa seus próprios brinquedos e ampliar as experiências da meninada. Tudo isso sempre equilibrando quantidade, qualidade e variedade, o que significa exemplares variados, seguros, resistentes e com um bom aspecto estético.


1-  Como trabalhar bem sem uma brinquedoteca?

Ela não garante um trabalho bem-feito. Além disso, não é interessante que os brinquedos fiquem restritos a um ambiente. As crianças precisam encontrá-los em vários lugares e momentos. A preocupação maior deve ser em relação à organização do local e ao acesso dos pequenos aos itens. De nada adianta ter uma brinquedoteca se ela sempre estiver fechada ou se a turma só usá-la esporadicamente. Se ela existir, o acesso deve ser livre, assim como a circulação de brinquedos pela escola.


2-  O que fazer se não existem brinquedos para todos?

É importante organizá-los para que sejam compartilhados, garantindo que todos brinquem. Os educadores devem planejar intercâmbios de objetos entre as turmas e a interação entre elas, inclusive reunindo crianças de idades diferentes. A garotada tem muito a ganhar: há trocas de ideias e o brincar se torna mais rico.


3-  Armas de brinquedo devem fazer parte do acervo?

Mais do que decidir por incluir armas ou outros objetos, o importante é que as crianças possam elaborar ideias sobre o bem e o mal. Nas brincadeiras, o vilão é tão importante quanto o mocinho, portanto os pequenos têm de lidar com ambos no universo lúdico.


4-  Há itens adequados para meninos e para meninas?

Não. Se o brincar é um modo de representar, experimentar e conhecer as culturas, não faz sentido imaginar que panelinhas são só para meninas, e carrinhos, para meninos. Todos precisam ter acesso a qualquer item sem distinção e ficar livres para escolher com o que brincar. Elaine Eleutério, coordenadora pedagógica da CEINF Lafayete Câmara, em Campo Grande, explica que, quando os meninos, por exemplo, se negam a participar das brincadeiras de casinha por acreditarem que isso não é coisa de homem, os educadores entram em cena. "Questionamos a validade da afirmação com os pequenos. Dizemos que existem homens que fazem as tarefas domésticas e perguntamos se a turma conhece alguém que faça isso no dia a dia", diz.


5-  É interessante usar sucata para incrementar o acervo?

Sim, não há problema em reaproveitar materiais. Ao eleger quais vão ser usados, é necessário questionar a utilidade que eles terão. Não se trata de aproveitar qualquer coisa para montar brinquedos, e sim criar brinquedos com objetos interessantes, de qualidade, bonitos e que não sejam perigosos. O ideal é deixar à disposição itens de uso não evidente, como rolos de papel-alumínio, e estimular os pequenos a conferir utilidade a ele, montando lunetas, binóculos ou cornetas, por exemplo.



6-  Deve-se permitir levar brinquedos de casa?

Sim. As crianças gostam de fazer isso para mostrar aos outros quem são e do que gostam. Também o fazem para ter por perto um objeto pessoal com o qual se identificam e têm familiaridade. Combinados com a turma e com as famílias sobre emprestar os objetos para os colegas brincarem, ter cuidado para não danificá-los, misturá-los ao acervo, perder os esquecê-los ajuda a evitar problemas. É válido elaborar uma lista coletiva do que não é legal levar, dos brinquedos que não se quer emprestar, que tenham peças muito pequenas ou que já existam na escola e divulgá-la para os pais. Estipular um dia para que todos levem seus brinquedos pode ser uma alternativa interessante desde que não seja esse o único dia que eles tenham para brincar.



7-  Quais objetos fazem as vezes dos brinquedos?

Há muitos que podem enriquecer a brincadeira. Quem acha que os pequenos precisam de algo específico são os adultos. O acervo pode ter coisas perenes, como caixas de madeira e tecidos. "Eles podem ser usados para construir diversos itens", explica Cisele Ortiz, coordenadora de projetos do Instituto Avisa Lá, em São Paulo. Lupas, fitas métricas e lanternas são ótimos para estimular a meninada a estudar e explorar o ambiente.



8-  Como evitar que a turma destrua os brinquedos?

Primeiramente, é fundamental compreender que mesmo os objetos de qualidade não são eternos. Depois, brinquedo desgastado é sinônimo de brinquedo usado. Explique às crianças que cuidados são essenciais para manter os itens em bom estado para serem usados por outros colegas que chegarão à pré-escola no futuro, por exemplo. Novos brinquedos no acervo, principalmente aqueles que o grupo não conhece, pedem atenção. Ninguém sabe como cuidar do que nunca viu e que não sabe como funciona. 


Fonte: Nova Escola

A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA INFÂNCIA

Estudos, pesquisas e livros são boas fontes não só para compreender a relevância do brincar como também para proporcioná-lo às crianças. Mergulhe fundo neles!


Brincar é importante para os pequenos e disso você tem certeza. Mas por quê? Sem essa resposta, fica difícil desenvolver um bom trabalho com as turmas de creche e de pré-escola, não é mesmo? Se essa inquietação faz parte do seu dia a dia, sinta-se convidado a estudar o tema. Ele rende pano para manga desde muito, muito tempo atrás. "Os primeiros questionamentos sobre o brincar não estavam relacionados a jogos, brinquedos e brincadeiras, mas focavam a cultura", diz Clélia Cortez, formadora do Instituto Avisa Lá, em São Paulo. 


No fim do século 19, o psicólogo e filósofo francês Henri Wallon (1879-1962), o biólogo suíço Jean Piaget (1896-1980) e o psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky (1896-1934) buscavam compreender como os pequenos se relacionavam com o mundo e como produziam cultura. Até então, a concepção dominante era de que eles não faziam isso. "Investigando essa faceta do universo infantil, eles concluíram que boa parte da comunicação das crianças com o ambiente se dá por meio da brincadeira e que é dessa maneira que elas se expressam culturalmente", explica Clélia.




Wallon foi o primeiro a quebrar os paradigmas da época ao dizer que a aprendizagem não depende apenas do ensino de conteúdos: para que ela ocorra, são necessários afeto e movimento também. Ele afirmava que é preciso ficar atento aos interesses dos pequenos e deixá-los se deslocar livremente para que façam descobertas. Levando em conta que as escolas davam muita importância à inteligência e ao desempenho, propôs que considerassem o ser humano de modo integral. Isso significa introduzir na rotina atividades diversificadas, como jogos. Preocupado com o caráter utilitarista do ensino, Wallon pontuou que a diversão deve ter fins em si mesma, possibilitando às crianças o despertar de capacidades, como a articulação com os colegas, sem preocupações didáticas. 

Já Piaget, focado no que os pequenos pensam sobre tempo, espaço e movimento, estudou como diferem as características do brincar de acordo com as faixas etárias. Ele descobriu que, enquanto os menores fazem descobertas com experimentações e atividades repetitivas, os maiores lidam com o desafio de compreender o outro e traçar regras comuns para as brincadeiras. 

As pesquisas de Vygotsky apontaram que a produção de cultura depende de processos interpessoais. Ou seja, não cabe apenas ao desenvolvimento de um indivíduo, mas às relações dentro de um grupo. Por isso, destacou a importância do professor como mediador e responsável por ampliar o repertório cultural das crianças. Consciente de que elas se comunicam pelo brincar, Vygotsky considerou uma intervenção positiva a apresentação de novas brincadeiras e de instrumentos para enriquecê-las. Ele afirmava que um importante papel da escola é desenvolver a autonomia da turma. E, para ele, esse processo depende de intervenções que coloquem elementos desafiadores nas atividades, possibilitando aos pequenos desenvolver essa habilidade. 



Jogar define a organização da cultura humana 


Mais focado na questão do brincar com jogos, o filósofo e historiador holandês Johan Huizinga (1872-1975) se dedicou a observar os aspectos do tema no que diz respeito não só ao universo infantil. Ele se debruçou sobre a questão envolvendo a produção cultural de forma geral, chegando a propor que a nomenclatura Homo ludens fosse usada para distinguir os humanos de outras espécies, como Homo sapiens e Homo faber. 

A razão, de acordo com ele, é a seguinte: os jogos fazem parte de todas as fases da vida e estão na base do surgimento e do desenvolvimento da civilização, a ponto de definir a organização cultural das sociedades. Seus mecanismos e suas estruturas estão na essência, por exemplo, de guerras e leis. Com base em levantamentos históricos, Huizinga apontou que ambas têm características semelhantes às encontradas no funcionamento dos jogos. Há espaços definidos para as jogadas - o campo de batalha e o tribunal, respectivamente - e os adversários competem de acordo com regras no intuito de evitar arbitrariedades. 

O pensamento infantil ainda desafia os pesquisadores Se com os resultados das pesquisas realizadas entre os séculos 19 e 20, várias questões sobre o brincar foram respondidas, ainda existem muitas sem respostas. Hoje, diversos pesquisadores continuam se dedicando ao tema levando em consideração o que Wallon e seus contemporâneos descobriram. 

O filósofo francês Gilles Brougère, por exemplo, se dedica a pesquisar os brinquedos e a relação das crianças com eles em diferentes contextos desde a década de 1970. Ele defende que, mesmo fazendo parte da essência do ser humano, a brincadeira precisa de um contexto social para ocorrer. Com base nessa concepção, define o objeto como algo simbólico e que só tem caráter funcional quando os pequenos o utilizam em brincadeiras. Ao levar em conta esse aspecto, Brougère considera que a intervenção do educador deve ocorrer para socializar as diferentes maneiras de brincar da turma, com conversas e registros. 

No Brasil, núcleos de pesquisas também se dedicam ao tema. É o caso do Grupo de Estudo e Pesquisa em Psicopedagogia (Gepesp) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), do qual faz parte Rosely Brenelli, doutora em Psicopedagogia. Desde a década de 1980, ela se dedica a pesquisar jogos de regra e sua influência nas interações sociais, focando o ambiente escolar. 

O estudo teve como ponto de partida a observação de crianças com dificuldades de aprendizagem para entender como as necessidades delas podem ser supridas com jogos. "Eles surgiram como uma alternativa para o ensino de alguns conteúdos. Mas era necessário entender por que isso ocorria e em que medida seria útil na sala de aula", diz. A pesquisa abordou como as intervenções do educador afetam a construção do raciocínio de uma criança durante o jogo. "Analisamos em que medida isso deve ocorrer para que ela construa suas habilidades." 

Outra brasileira que estuda o brincar é Renata Meirelles, mestre em Educação pela Universidade de São Paulo (USP). Com o objetivo de conhecer e divulgar o amplo repertório de jogos, brinquedos e brincadeiras do Brasil, ela se voltou às práticas externas à escola. "Descobri modalidades e variações interessantes a serem exploradas", diz ela. 

Além desses estudiosos, existem outros empenhados em desvendar as questões que envolvem jogos, brinquedos e brincadeiras, a relação deles com os pequenos, com a Educação e com você também. Vale a pena conhecer mais a fundo as pesquisas para enriquecer as experiências da turma. 

Fonte: Revista Nova Escola

terça-feira, 22 de outubro de 2013

PAIS SUPERPROTETORES

Eles insistem em criar os filhos sem limites ou frustrações, tudo permeado pelo prazer absoluto. O problema é que a vida não é assim...

por Leonardo Posternak 

João, de 6 anos, está caminhando de mãos dadas com seu pai. Acabou de ter uma violenta briga com seu amigo do coração, por motivos banais de desentendimentos em uma brincadeira. Pai e filho vão calados, resmungando. De pronto o menino pergunta ao pai: ‘O que é a liberdade?’ Ele queria compreender o que tinha acontecido. O pai, preocupado e distraído, contesta rápido e impensadamente: ‘É fazer o que a gente quer’. João escuta pensativo e olhando nos olhos do pai interpela: ‘Ah! Mas não com os outros, né?’”

Pequena e profunda, essa história levanta várias articulações: entre o sujeito e o outro, entre a pulsão e a ética, entre o desejo e o limite, entre a liberdade e o direito. Nos faz pensar que tão importante quanto educar é não deseducar. O exemplo é o âmago do texto que segue a continuação.

É lícito que cada família eduque seus filhos embasada em sua história, seus modelos, sua cultura, sua experiência e suas possibilidades. Talvez seja por isso que a educação das crianças se torne um fator instigante para a reflexão interdisciplinar e demande uma relação estreita entre a família, a escola e a pediatria. Mas existe um aspecto universal da educação que podemos sintetizá-lo em duas perguntas: o que esperar da educação que damos aos nossos filhos? E o que podemos lhes transmitir?

A resposta teórica deve ser quase unânime: basicamente, devemos lhe oferecer ferramentas para sua socialização. Transmitir-lhes uma cidadania possível. A resposta, na prática cotidiana, perde a unanimidade, e as certezas viram dúvidas ou impasses. Justamente por não ser o resultado mágico de um ritual – na nossa cultura não existe um ato simbólico que introduza a criança no estatuto do adulto. Ou o aprendizado através de um manual. Do tipo: “Como educar seu filho em dez capítulos”. A educação para cidadania se dá por caminhos longos, incertos dentro de um equilíbrio instável entre a esperança (promessas) e frustrações (deveres).

Quando se trata de educar, de maneira imediata e estereotipada, se faz presente uma contradição entre o excesso e a falta de algo que não sabemos bem o que é. E assim coloca os pais e educadores em dúvida em respeito à medida “desse algo” desconhecido. Podemos exemplificar esse conceito: crianças bem educadas/crianças mal-educadas, crianças abandonadas/superprotegidas, repressão demais/ repressão de menos, crianças que têm tudo/crianças que não têm nada. Bater, acariciar, castigar, prometer. Prevalecer sem humilhar, manter a autoridade sem autoritarismo. Permitir o prazer sem perder a disciplina, manter a disciplina sem perder prazer. O que fica de tudo: lógica demais, informação de menos ou demasiada informação sem lógica.

O ponto de partida dessa contradição é o fato de os pais terem que transmitir a demanda social, além de seu desejo. Ao mesmo tempo, a sociedade e a cultura exigem que os pais encaminhem seus filhos pelos caminhos limitados, pelas normas, convenções sociais e leis de sua conveniência. A isso se chama educar. Sigmund Freud há mais ou menos cem anos escreveu sobre o assunto ao falar do narcisismo em um trabalho intitulado Sua Majestade, o Bebê. Nela, Freud afirma que os pais almejam para seus filhos o prazer, a realização e a felicidade que muitas vezes eles mesmos não conseguiram para si próprios.

Os pais insistem em criar os filhos sem limites, sem frustrações, tudo permeado permanentemente pelo prazer absoluto e com imensa proteção, como se pudessem criar uma exceção para seu “reizinho”. O problema é que ficam reféns da demanda social.

O paradoxo fica ainda mais terrível e perigoso se os pais não conseguirem entender que os indivíduos e as famílias estão imersos em comunidades. Não são ilhas isoladas e paradisíacas, com leis próprias. Podemos reconhecer outro paradoxo antipedagógico nas famílias modernas: sem questionamento, se apropriam dos princípios da revolução francesa para seu funcionamento: “Igualdade, fraternidade e liberdade”.

O justo clamor popular, ante a um reinado autoritário e injusto, se torna algo devastador ao se tratar da educação dos filhos. A família deve ser hierárquica, não um sistema igualitário, e deve funcionar com a necessária autoridade dos pais. A família não é composta só de irmãos: os elementos são diferentes e os pais são guardiães das normas de funcionamento. Por último, a liberdade não é libertinagem. Qual a medida da liberdade? Deve-se permitir que a criança faça tudo o que quiser? Não, jamais. Os pais têm de optar em ser adultos – alguém tem de fazer isso. Para uma criança querer crescer, tem de existir o desejo, e o desejo só surge quando existe uma falta. As crianças que conseguem tudo não têm motivo para crescer porque não têm nada a desejar.

Nós, humanos, ao nascer estamos influenciados pelo princípio do prazer, somos hedonistas. No começo da vida assim deve ser: receber cuidados, comida, amor para poder ficar seguros no Éden. Logo a seguir, a educação e o relacionamento com os adultos amados nos introduzem no princípio de realidade e assim perdemos o paraíso, porque alguém impõe limites, provoca algum grau de frustração e corta os excessos. A educação se faz apesar do desejo. Para a mãe, o desejo é de ser tudo para o filho e que o filho seja tudo para ela. Nessa hora, deve aparecer a função paterna, que é de corte entre a mãe e o filho. Na nossa cultura, para as crianças, a bandeira da autoridade está na mão do pai. Se ele consegue que a mãe não seja tudo para o filho e que ele não seja tudo para ela, os dois vão precisar de outra coisa. Ou seja: a ação do pai os leva a desejar. A educação então se faz não através do desejo, mas apesar dele.

Dá para imaginar os problemas que surgem quando o pai não tem condições de assumir sua função e simplesmente se demite ou fica eclipsado. A tarefa educativa não aceita a renúncia: sem o exercício de um dever, não existe a promessa do gozo. O desejo humano só existe na medida em que os limites impostos nos constituem em sujeitos culturais. Não sendo assim, teríamos uma vida intuitiva movida pelos impulsos.

Como regra geral, os pais devem ter cuidado para não usar uma dupla mensagem: não estimular a difundida lei macunaímica de ser espertos e levar vantagem em tudo. Devem também falar sempre a verdade – é um direito dos filhos –, ensinar a respeitar as diferenças etc. Este tema é uma das últimas utopias que, pela sua nobreza, vale a pena lutar. Mudar a criança na família, mudar a família na sociedade, é permitir então que essas crianças mudem o mundo.





segunda-feira, 23 de setembro de 2013

CAIXA DO ENCAIXE


Sugestão para pais, babás e professoras de Educação Infantil, a fim de trabalhar cores, formas, tamanho e raciocínio lógico.

AUTORIDADE, COMO SE FAZ RESPEITAR?






Que as crianças precisam de regras e limites, isso é bem claro. Mas o que aflige muitos pais é saber como fazer para que seus filhos obedeçam a essas orientações. Em resumo: como exercer a autoridade paterna e materna e como conquistar o respeito dos filhos. Em primeiro lugar, é preciso fazer uma distinção: ter autoridade é bem diferente de ser autoritário. O pai ou a mãe autoritários são aqueles que só conseguem que suas ordens sejam obedecidas por meio da repressão, das ameaças e até pelo uso da violência física ou verbal. Quem age assim pode até conseguir que o filho obedeça naquele momento uma ordem. Mas não estará educando: nada garante que a criança entenda porque precisa seguir aquela regra e continue obedecendo quando os pais não estiverem por perto. Já os pais que têm autoridade são aqueles que estabelecem combinados com os filhos e têm persistência para cobrar que eles sejam cumpridos, estabelecendo e aplicando conseqüências quando a criança quebra as regras. Veja as dicas dos especialistas para se fazer respeitar:

1. É de pequenino que se torce o pepino: Regras, limites e responsabilidades devem ser dados às crianças desde bem pequenas. “É preciso começar na primeira infância. Quanto mais tarde os pais deixam para começar a aplicar regras e dar limites, mais difícil é conseguir que as crianças obedeçam”, diz Quezia Bombonatto, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp). Desde os dois ou três anos as crianças já podem aprender tarefas como guardar seus próprios brinquedos depois de usá-los.

2. Seja amigo, mas não deixe de ser pai ou mãe: Você pode e deve ser amigo de seu filho, ouvir suas confidências, ser companheiro. Mas isso não significa que deve abrir mão de sua autoridade com ele. “Ser pai-amigo é diferente de ser apenas um amigo, alguém que está de igual para igual com a criança, que é um de seus pares. Pai-amigo é aquele que acolhe, mas que coloca limites também”, diz Quezia Bombonatto, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp).

3. Não seja autoritário, mas dê limites: “Educar é uma tarefa muito difícil, mas é fácil criar alguém propenso a ser um delinquente: basta ser muito autoritário ou não dar limite nenhum”, diz a psicóloga clínica Rosana Augone, que há 27 anos presta serviços e dá palestras em escolas. Ser autoritário é se fazer obedecer por meio de ameaças, gritos ou violência. Isso não educa a criança. “Mas muitos pais, com medo de serem autoritários, acabam fazendo exatamente o contrário: não colocam quaisquer limites. E com isso, permitem que os filhos se tornem os autoritários, os tiranos da história”, afirma Quezia Bombonatto, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp).

4. Não faça todas as vontades de seu filho: Se fazer respeitar também significa mostrar para o filho que não são só as vontades dele que contam. “Vemos pais que cedem a tudo que os filhos querem: se a família decide sair para comer fora, a escolha do restaurante leva em conta só os desejos das crianças. No carro, só se ouvem as músicas que as crianças ou adolescentes desejam. Crianças criadas assim tendem a crescer acreditando que só elas têm direitos e estão no comando”, afirma Quezia Bombonatto, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp). Segundo ela, os pais devem compreender que dar tudo que a criança deseja não os torna mais “legais” ou melhores pais.

5. Seja firme até na hora da alimentação: A cena é conhecida de muitas mães: ela coloca o prato na mesa e o filho se recusa a comer, chorando, esperneando ou até mostrando ânsia de vômito. A mãe, com receio que o filho fique sem se alimentar, cede à pressão da criança e deixa que ele coma apenas o que deseja. “Também nessas horas os pais devem fazer valer sua autoridade. São os pais que sabem o que é melhor para alimentação da criança e não a criança que deve decidir o que comer. Não quis comer o almoço? Guarde o prato e diga que ela não comerá outra coisa até o jantar. A criança vai ficar com fome? Vai. E da próxima vez não se recusará a comer”, diz a psicóloga clínica Rosana Augone.

6. Não ceda ao choro, birras e manhas: No Shopping Center, a criança pede um brinquedo novo. Os pais dizem que “não”. A criança chora, se joga no chão, faz escândalo. “Está bem, pare com isso, vamos comprar”, dizem os pais, envergonhados do escândalo público. “Pior que dizer “não” é voltar atrás e dizer “sim” para fazer com que o filho pare de chorar ou de fazer escândalo. Quem faz isso está ensinando que vale a pena fazer birra, chorar e gritar”, diz a psicóloga clínica Rosana Augone. No processo educativo os pais vão se deparar com freqüência com choro, birras, manhas e escândalos das mais variadas naturezas. Nessas horas é preciso manter a firmeza: “Alguns pais se sentem mal por dizer não à criança quando ela quer alguma coisa. Mas saber dizer “não” é necessário. E mais necessário ainda é manter-se firme em sua decisão”, afirma ela.

7. Seja persistente: Para conquistar o respeito de seu filho, é preciso ser persistente na tarefa de educar. “O que não pode é um dia, em que se está disposto, cobrar que o filho faça o que lhe é mandado e no outro, porque o pai está cansado ou não tem tempo, deixar para lá as desobediências ou quebras de regras”, diz Quezia Bombonatto, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp). “Você já falou mil vezes e, ainda assim, todos os dias tem que mandar escovar os dentes? Sim, é seu papel repetir até a criança aprender e incorporar essa tarefa em sua rotina”.

8. Saiba como estabelecer punições: Seu filho não arrumou o quarto como você pediu ou deixou de fazer o dever de casa? Estabeleça uma conseqüência, de acordo com a idade da criança. Para os pequenos, não adianta ameaçar dizendo que vai deixar um mês sem televisão se ele não arrumar a cama. “Para as crianças menores, os castigos e punições têm que ser curtos e aplicados na hora. No dia seguinte, ela já esqueceu o que se passou. E é preciso estabelecer punições que possam ser cumpridas. Não ameace aquilo que você não pode ou não vai fazer”, orienta Quezia Bombonatto, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp).

9. Resolva conflitos longe da criança: O pai diz que “sim”, mas a mãe acha que “não”. Se o casal discorda sobre o que fazer diante de um pedido do filho ou de uma regra da casa, conversem reservadamente e longe da criança até chegar em um acordo. “O que não pode acontecer é brigar na frente da criança e um desautorizar o outro”, afirma Quezia Bombonatto, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp). Se o filho pede algo e um dos pais não está presente, diga à criança para esperar que os dois conversem e mais tarde dê a resposta à criança.

10. Dê o exemplo: Na sua casa criança não pode falar palavrão? Tem que comer salada? Tem que ajudar nas tarefas do lar? Então você precisa dar o exemplo, para mostrar a coerência entre o que você diz e o que você faz. “Autoridade é ensinar o filho a fazer não só o que você diz, mas o que você faz. Os pais são os modelos das crianças”, diz a psicóloga clínica Rosana Augone.

Fonte: Educar para Crescer



terça-feira, 17 de setembro de 2013

OS FUNDAMENTOS DAS DEFICIÊNCIAS E SÍNDROMES

Conhecer o que afeta o seu aluno é o primeiro passo para criar estratégias que garantam a aprendizagem.




Você sabe o que é síndrome de Rett, síndrome de Williams ou surdo-cegueira? 

Para receber os alunos com necessidades educacionais especiais pela porta da frente, é preciso conhecer as características de cada síndrome ou deficiência. 

O primeiro passo é entender as diferenças entre os dois termos. Deficiência é um desenvolvimento insuficiente, em termos globais ou específicos, ou um déficit intelectual, físico, visual, auditivo ou múltiplo (quando atinge duas ou mais dessas áreas). Síndrome é o nome que se dá a uma série de sinais e sintomas que, juntos, evidenciam uma condição particular. A síndrome de Down, por exemplo, engloba deficiência intelectual, baixo tônus muscular (hipotonia) e dificuldades na comunicação, além de outras características, que variam entre os atingidos por ela. 

Se você leciona para alguém com diagnóstico que se encaixa nesse quadro, precisa saber que é possível ensiná-lo. "O professor deve se comprometer e acompanhar seu desenvolvimento", afirma Mônica Leone Garcia, assessora técnica da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. 

Conheça a seguir as definições e características das síndromes e deficiências mais frequentes na escola:



Deficiência física 

- Definição: uma variedade de condições que afeta a mobilidade e a coordenação motora geral de membros ou da fala. Pode ser causada por lesões neurológicas, neuromusculares e ortopédicas, más-formações congênitas ou por condições adquiridas. Exemplos: amiotrofia espinhal (doença que causa fraqueza muscular), hidrocefalia (excesso do líquido que serve de proteção ao sistema nervoso central) e paralisia cerebral (desordem no sistema nervoso central), que exige dos professores cuidados específicos em sala de aula (leia mais a seguir). 

- Características: são comuns as dificuldades no grafismo em função do comprometimento motor. Às vezes, o aprendizado é mais lento, mas, exceto nos casos de alteração na motricidade oral, a linguagem é adquirida sem problemas. Muitos precisam de cadeira de rodas ou muletas para se locomover. Outros apenas de apoios especiais e material escolar adaptado, como apontadores, suportes para lápis etc. 
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- Recomendações: a escola precisa ter elevadores ou rampas. Fique atento a cuidados do dia a dia, como a hora de ir ao banheiro. Nos casos de hidrocefalia, é preciso observar sintomas como vômitos e dores de cabeça, que podem indicar problemas com a válvula implantada na cabeça. 


 Paralisia Cerebral

•- Definição: lesão no sistema nervoso central causada, na maioria das vezes, por uma falta de oxigênio no cérebro do bebê durante a gestação, ao nascer ou até dois anos após o parto. "Em 75% dos casos, a paralisia vem acompanhada de um dano intelectual", acrescenta Alice Rosa Ramos, superintendente técnica da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), em São Paulo.

•- Características: a principal é a espasticidade, um desequilíbrio na contenção muscular que causa tensão. Inclui dificuldades para caminhar, na coordenação motora, na força e no equilíbrio. Pode afetar a fala. 

•- Recomendações: para contornar as restrições de coordenação motora, use canetas e lápis mais grossos - uma espuma em volta deles presa com um elástico costuma resolver. Utilize folhas avulsas, mais fáceis de manusear que os cadernos. Escreva com letras grandes e peça que o aluno se sente na frente. É importante que a carteira seja inclinada. Se ele não consegue falar e não utiliza uma prancha própria de comunicação alternativa, providencie uma para ele com desenhos ou fotos por meio dos quais se estabelece a comunicação. Ela pode ser feita com papel cartão ou cartolina, em que são colados figuras pequenas, do mesmo material, e fotos que representem pessoas e coisas significativas, como os pais, os colegas da classe, o time de futebol, o abecedário e palavras-chave, como "sim", "não", "fome", "sede", "entrar", "sair" etc. Para informar o que quer ou sente, o aluno aponta para as figuras e se comunica. Ele precisa de um cuidador para ir ao banheiro e, em alguns casos, para tomar lanche. 


Deficiência Visual




- Definição: condição apresentada por quem tem baixa visão (em geral, entre 40 e 60%) ou cegueira (resíduo mínimo da visão ou perda total), que leva à necessidade de usar o braile para ler e escrever. 

• - Características: a perda visual é causada em geral por duas doenças congênitas: glaucoma (pressão intraocular que causa lesões irreversíveis no nervo ótico) e catarata (opacidade no cristalino). Em alguns casos, as doenças são confundidas com uma ametropia (miopia, hipermetropia ou astigmatismo), que pode ser corrigida pelo uso de lentes, o que permite o retorno total da visão. A catarata também pode ser corrigida, mas só com cirurgia. "O aluno que não enxerga o colega a 2 metros nas brincadeiras, principalmente em espaços abertos, pode ter 5 ou 6 graus de miopia e não necessariamente baixa visão ou cegueira", explica o oftalmologista Frederico Lazar, de São Paulo. 

- Recomendações: promover a realização de exames de acuidade visual na escola para identificar possíveis doenças - reversíveis ou não - ou ametropias. Se o estudante não percebe expressões faciais, lide com ele de maneira perceptiva, alterando, por exemplo, o tom de voz. As atenções devem ser redobradas quando o assunto é orientação e mobilidade. É preciso identificar os degraus com contraste (faixa amarela ou barbante), os obstáculos, como pisos com alturas diferentes, e, principalmente, os vãos livres e desníveis. A sinalização de marcos importantes, como tabuletas indicando cada sala e espaço, é feita também em braile. Uma ideia é trabalhar maquetes da escola para que o espaço seja facilmente identificado. 

Na sala de aula, é aconselhável não colocar mochilas no chão ou no corredor entre as carteiras. Use materiais maiores e reconhecíveis pelo tato. Aproxime os que têm baixa visão do quadro-negro, já que alguns conseguem enxergar quando sentados na primeira carteira. Outros precisam de equipamentos especiais. Para os que não conseguem ler o que está escrito no quadro, há algumas possibilidades. "Traga o material já escrito de casa e entregue a eles ou peça que os colegas, em sistema de revezamento, os auxiliem na tarefa", explica a psicóloga Cecília Batista, do Departamento de Desenvolvimento Humano e Reabilitação da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).



Deficiência Auditiva 

•- Definição: condição causada por má-formação na orelha, no conduto (cavidade que leva ao tímpano), nos ossos do ouvido ou ainda por uma lesão neuro-sensorial no nervo auditivo ou na cóclea (porção do ouvido responsável pelas terminações nervosas). Tem origem genética ou pode ser provocada por doenças infecciosas, como a rubéola e a meningite. Também pode ser temporária, causada por otite.  

- Características: pode ser leve, moderada, severa ou profunda. "Quanto mais aguda, mais difícil é o desenvolvimento da linguagem", diz a fonoaudióloga Beatriz Mendes, docente da Pontifícia Universidade Católica (PUC), em São Paulo, que atua na Divisão de Educação e Reabilitação dos Distúrbios da Comunicação (Derdic). Um exame fonoaudiológico é capaz de identificar o grau da lesão. 

•- Recomendações: há duas formas de o aluno com deficiência auditiva desenvolver a linguagem. Uma delas é usar um aparelho auditivo e passar por acompanhamento terapêutico, familiar e escolar. "Pessoas surdas conseguem falar", ressalta Beatriz Mendes. 

Para isso, tem de passar por terapia, receber novos moldes e próteses e ter o apoio da família e do professor", complementa Beatriz Novaes, docente da PUC e coordenadora do Centro Audição na Criança da Derdic, da mesma universidade paulistana. Outro meio é aprender a língua brasileira de sinais (Libras). O estudante que tem perda auditiva também demora mais para se alfabetizar. Pedir que se sente nas carteiras da frente pode ajudá-lo a aprender melhor. "Fale perto e de frente para ele", destaca Beatriz Mendes. Aposte também no uso de recursos visuais e na diminuição de ruídos - e tente o apoio e a integração por meio de um intérprete de Libras. 


Deficiência múltipla


- Definição: ocorrência de duas ou mais deficiências: autismo e síndrome de Down; uma intelectual com outra física; uma intelectual e uma visual ou auditiva, por exemplo. "Não há estudos que indiquem qual associação de deficiência é a mais comum", afirma Shirley Rodrigues Maia, diretora de programas educacionais da Associação Educacional para Múltipla Deficiência (Ahimsa). Uma das mais comuns nas salas de aula é a surdo-cegueira. 

SURDO-CEGUEIRA 
- Definição: perdas auditivas e visuais simultâneas e em graus variados. As causas são principalmente doenças infecciosas, como rubéola, toxoplasmose e citomegalovírus (doença da mesma família do herpes). A diferença de um cego ou surdo para um surdo-cego é que este não tem consciência da linguagem e, portanto, não aprende a se comunicar de imediato. 

•- Características: traz problemas de comunicação e mobilidade. O surdo-cego pode apresentar dois comportamentos distintos: isola-se ou é hiperativo. 

•- Recomendações: o primeiro desafio é criar formas de comunicação. Busque também integrar esse estudante aos demais e criar rotinas previsíveis para que ele possa entender o que vai acontecer. Ofereça objetos multissensoriais, que facilitam a comunicação.



Deficiência intelectual 

•- Definição: funcionamento intelectual inferior à média (QI), que se manifesta antes dos 18 anos. Está associada a limitações adaptativas em pelo menos duas áreas de habilidades (comunicação, autocuidado, vida no lar, adaptação social, saúde e segurança, uso de recursos da comunidade, determinação, funções acadêmicas, lazer e trabalho). O diagnóstico do que acarreta a deficiência intelectual é muito difícil, englobando fatores genéticos e ambientais. Além disso, as causas são inúmeras e complexas, envolvendo fatores pré, peri e pós-natais. Entre elas, a mais comum na escola é a síndrome de Down. 

SÍNDROME DE DOWN

•- Definição: alteração genética caracterizada pela presença de um terceiro cromossomo de número 21. A causa da alteração ainda é desconhecida, mas existe um fator de risco já identificado. "Ele aumenta para mulheres que engravidam com mais de 35 anos", afirma Lília Maria Moreira, professora de Genética da Universidade Federal da Bahia (UFBA). 

•- Características: além do déficit cognitivo, são sintomas as dificuldades de comunicação e a hipotonia (redução do tônus muscular). Quem tem a síndrome de Down também pode sofrer com problemas na coluna, na tireoide, nos olhos e no aparelho digestivo, entre outros, e, muitas vezes, nasce com anomalias cardíacas, solucionáveis com cirurgias. 
- Recomendações: na sala de aula, repita as orientações para que o estudante com síndrome de Down compreenda. "Ele demora um pouco mais para entender", afirma Mônica Leone Garcia, da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. O desempenho melhora quando as instruções são visuais. Por isso, é importante reforçar comandos, solicitações e tarefas com modelos que ele possa ver, de preferência com ilustrações grandes e chamativas, com cores e símbolos fáceis de compreender. A linguagem verbal, por sua vez, deve ser simples. Uma dificuldade de quem tem a síndrome, em geral, é cumprir regras. "Muitas famílias não repreendem o filho quando ele faz algo errado, como morder e pegar objetos que não lhe pertencem", diz Mônica. Não faça isso. O ideal é adotar o mesmo tratamento dispensado aos demais. "Eles têm de cumprir regras e fazer o que os outros fazem. Se não conseguem ficar o tempo todo em sala, estabeleça combinados, mas não seja permissivo." Tente perceber as competências pedagógicas em cada momento e manter as atividades no nível das capacidades da criança, com desafios gradativos. Isso aumenta o sucesso na realização dos trabalhos. Planeje pausas entre as atividades. O esforço para desenvolver atividades que envolvam funções cognitivas é muito grande e, às vezes, o cansaço faz com que pareçam missões impossíveis para ela. Valorize sempre o empenho e a produção. Quando se sente isolada do grupo e com pouca importância no trabalho e na rotina escolares, a criança adota atitudes reativas, como desinteresse, descumprimento de regras e provocações.


TGD 


•- Definição: os Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) são distúrbios nas interações sociais recíprocas, com padrões de comunicação estereotipados e repetitivos e estreitamento nos interesses e nas atividades. Geralmente se manifestam nos primeiros cinco anos de vida. 

AUTISMO

•- Definição: transtorno com influência genética causado por defeitos em partes do cérebro, como o corpo caloso (que faz a comunicação entre os dois hemisférios), a amídala (que tem funções ligadas ao comportamento social e emocional) e o cerebelo (parte mais anterior dos hemisférios cerebrais, os lobos frontais). 

•- Características: dificuldades de interação social, de comportamento (movimentos estereotipados, como rodar uma caneta ou enfileirar carrinhos) e de comunicação (atraso na fala). "Pelo menos 50% dos autistas apresentam graus variáveis de deficiência intelectual", afirma o neurologista José Salomão Schwartzman, docente da pós-graduação em Distúrbios do Desenvolvimento da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. Alguns, porém, têm habilidades especiais e se tornam gênios da informática, por exemplo. 

•- Recomendações: para minimizar a dificuldade de relacionamento, crie situações que possibilitem a interação. Tenha paciência, pois a agressividade pode se manifestar. Avise quando a rotina mudar, pois alterações no dia a dia não são bem-vindas. Dê instruções claras e evite enunciados longos. 


SÍNDROME DE ASPERGER

- Definição: condição genética que tem muitas semelhanças com o autismo. 

•- Características: focos restritos de interesse são comuns. Quando gosta de Matemática, por exemplo, o aluno só fala disso. "Use o assunto que o encanta para introduzir um novo", diz Salomão Schwartzman. 

•- Recomendações: as mesmas do autismo. 


SÍNDROME DE WILLIAMS
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- Definição: desordem no cromossomo 7. 

•- Características: dificuldades motoras (demora para andar e falta de habilidade para cortar papel e andar de bicicleta, entre outros) e de orientação espacial. Quando desenha uma casa, por exemplo, a criança costuma fazer partes dela separadas: a janela, a porta e o telhado ficam um ao lado do outro. No entanto, há um interesse grande por música e muita facilidade de comunicação. "As que apresentam essa síndrome têm uma amabilidade desinteressada", diz Mônica Leone Garcia. 

•- Recomendações: na sala de aula, desenvolva atividades com música para chamar a atenção delas. 


SÍNDROME DE RETT

•- Definição: doença genética que, na maioria dos casos, atinge meninas. 

•-Características: regressão no desenvolvimento (perda de habilidades anteriormente adquiridas), movimentos estereotipados e perda do uso das mãos, que surgem entre os 6 e os 18 meses. Há a interrupção no contato social. A comunicação se faz pelo olhar. 

•- Recomendações: "Crie estratégias para que esse aluno possa aprender, tentando estabelecer sistemas de comunicação", diz Shirley Rodrigues Maia, da Ahim-sa. Muitas vezes, crianças com essa síndrome necessitam de equipamentos especiais para se comunicar melhor e caminhar.

Fonte: Revista Nova Escola

SÍNDROME DE ASPENGER

A Síndrome de Asperger é um Transtorno Global do Desenvolvimento (TGD), resultante de uma desordem genética, e que apresenta muitas semelhanças com relação ao autismo.

Ao contrário do que ocorre no autismo, contudo, crianças com Asperger não apresentam grandes atrasos no desenvolvimento da fala e nem sofrem com comprometimento cognitivo grave. Esses alunos costumam escolher temas de interesse, que podem ser únicos por longos períodos de tempo - quando gostam do tema "dinossauros", por exemplo, falam repetidamente nesse assunto. Habilidades incomuns, como memorização de sequências matemáticas ou de mapas, são bastante presentes em pessoas com essa síndrome.

Na infância, essas crianças apresentam déficits no desenvolvimento motor e podem ter dificuldades para segurar o lápis para escrever. Estruturam seu pensamento de forma bastante concreta e não conseguem interpretar metáforas e ironias - o que interfere no processo de comunicação. Além disso, não sabem como usar os movimentos corporais e os gestos na comunicação não-verbal e se apegam a rituais, tendo dificuldades para realizar atividades que fogem à rotina.

Como lidar com a Síndrome de Asperger na escola?

As recomendações são semelhantes às do autismo. Respeite o tempo de aprendizagem do aluno e estimule a comunicação com os colegas. Converse com ele de maneira clara e objetiva e apresente as atividades visualmente, para evitar ruídos na compreensão do que deve ser feito.

Também é aconselhável explorar os temas de interesse do aluno para abordar novos assuntos, ligados às expectativas de aprendizagem. Se ele tem uma coleção de carrinhos, por exemplo, utilize-a para introduzir o sistema de numeração. Ações que escapam à rotina devem ser comunicadas antecipadamente.

domingo, 8 de setembro de 2013

A CONTRIBUIÇÃO DA MÚSICA PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL

A música é um meio de expressão de ideias e sentimentos, mas também uma forma de linguagem muito apreciada pelas pessoas. Desde muito cedo, a música adquire grande importância na vida de uma criança. Você com certeza deve lembrar de alguma música que tenha marcado sua infância e, junto com essa lembrança, deve recordar as sensações que acompanharam tal execução. Além de sensações, através da experiência musical são desenvolvidas capacidades que serão importantes durante o crescimento infantil.
Em condições normais, os órgãos responsáveis pela audição começam a se desenvolver no período de gestação e somente por volta dos onze anos de idade é que o sistema funcional auditivo fica completamente maduro, por isso a estimulação auditiva na infância tem papel fundamental. Sabe-se que os bebês reagem a sons dentro do útero materno e que a música, desde que apropriadamente escolhida, pode acalmar os recém-nascidos.


Vale ressaltar a importância não apenas da música tocada através de um aparelho, mas também o contato estabelecido entre a mãe e o bebê. Assim, cantar, murmurar ou assobiar fornecem elementos sonoros e também afetivos, através da intensidade do som, inflexão da voz, entonação, contato de olho e contato corporal, que serão importantes para a evolução do bebê no sentido auditivo, linguístico, emocional e cognitivo.
Isso ocorre também durante todo o desenvolvimento infantil, pois através da música e de suas características peculiares, tais como ritmos variados e estrutura de texto diferenciada, muitas vezes com utilização de rimas, a criança vai desenvolvendo aspectos de sua percepção auditiva, que serão importantes para a evolução geral de sua comunicação, favorecendo também a sua integração social.
Quando estão cantando, as crianças trabalham sua concentração, memorização, consciência corporal e coordenação motora, principalmente porque, juntamente com o cantar, ocorre com frequência o desejo ou a sugestão para mexer o corpo acompanhando o ritmo e criando novas formas de dança e expressão corporal.
Contudo, não se deve esperar que apenas a escola estimule a criança. Deve-se, ao contrário, oferecer a ela um leque variado de experiências musicais para que perceba diferenças entre estilos, letras, velocidades e ritmos (trabalhando assim a atenção e a discriminação auditiva) e permitir que faça escolhas e sugira repetições, o que geralmente a criança pequena faz com frequência, como forma de aprendizagem e recurso de memorização (desta forma ela estará trabalhando a memória auditiva).
No setor linguístico percebemos a possibilidade de estimular a criança a ampliar seu vocabulário, uma vez que, através da música, ela se sente motivada a descobrir o significado de novas palavras que depois incorpora a seu repertório.
Todos esses benefícios são estendidos não só à linguagem falada, mas também à escrita, na medida em que boa percepção, bom vocabulário e conhecimento de estruturas de texto são elementos importantes para ser bom leitor e bom escritor.
E então, você já está pensando em alguma música para cantar junto com seu filho? O importante é respeitar interesses individuais e também específicos de cada fase do desenvolvimento; assim, crianças pequenas podem mostrar maior interesse por temas relacionados a super-heróis, seres mágicos, animais, ou assuntos como amizade, medo etc.
Finalmente, quero lembrar que ouvir música não deve ser uma atividade imposta e sim realizada com prazer, pois somente assim os benefícios serão obtidos de forma natural, como sempre deve ocorrer na relação entre pais e filhos.
Dica: CD´s infantis Palavra Cantada
O selo Palavra Cantada traz a dupla musical formada pelos instrumentistas, cantores, compositores e produtores Paulo Tatit e Sandra Peres, especializados em música infantil. Quatro dos oito trabalhos já lançados pela dupla, ganhou o prêmio Sharp de melhor álbum infantil.
Discografia
  • "Canções de Ninar" (1994) - que revolucionou o gênero com canções inéditas.
  • "Canções de Brincar" (1996) - com composições da dupla em parceria com Arnaldo Antunes, Luiz Tatit e Edith Derdyk. Entre elas, os sucessos Sopa e Ora Bolas, ouvidas em pré-escolas de todo o país.
  • "Cantigas de Roda" (1996) - deu uma roupagem atual às cantigas tradicionais da música brasileira.
  • "Canções Curiosas" (1998) - um trabalho requintado de música, poesia e humor.
  • Em 1999 foram produzidos dois álbuns de música com narração de histórias: "Mil Pássaros" em parceria com a escritora Ruth Rocha e "Noite Feliz", com histórias de Cândido de Alencar.
  • (2001) CD-Livro - "Canções do Brasil - o Brasil cantado por suas crianças" - projeto que envolveu pesquisa e gravação de músicas infantis pelos 26 estados do país. Interpretadas por crianças locais, essas músicas ressaltaram as peculiaridades culturais de cada região.
  • "Meu Neném" (2003) - álbum com composições próprias e do músico kalimbista Décio Gioielli, para crianças na faixa de 0 a 3 anos.
*Dra. Tânia Regina Bello
Psicopedagoga e Fonoaudióloga